Nesse bimestre, nosso objetivo é analisar a produção literária do período colonial e pós e, principalmente, os ideais de liberdade nas produções indígenas e africanas; reconhecer as características gerais do texto opinativo e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural através das lendas indígenas e africanas.
Vamos começar com “a maneira de ser, viver e pensar dos povos africanos. Conheceremos o que é importante e tem bastante valor: natureza, ancestrais, o sagrado, por exemplo. Vamos, então, iniciar nossa aula conhecendo o sistema pessoal de ideias: a cosmovisão.
Você já ouviu falar em COSMOVISÃO?
A palavra cosmovisão significa ter um sistema pessoal de ideias e sentimentos acerca do universo e do mundo e de como deve agir para transformá-lo. Tanto na cultura africana, como veremos na indígena, a concepção de mundo é uma concepção de relação de forças naturais, sobrenaturais, humanas e cósmicas.
Forças naturais: a importância da Natureza
As árvores, as pedras, as montanhas, os astros e planetas, exercem influência sobre a Terra e a vida dos humanos, e vice-versa. Enquanto os europeus queriam dominar as coisas indiscriminadamente, os africanos (e indígenas) davam importância a elas, pois tinham consciência de que elas faziam parte de um ecossistema necessário à sua própria sobrevivência. As preces e orações feitas a uma árvore, antes de ela ser derrubada, era uma atitude simbólica de respeito à existência daquela árvore, e não a manifestação de uma crença de que ela tinha um espírito como dos humanos.
A força do BAOBÁ – ÁRVORE SAGRADA
A árvore é um dos símbolos fundamentais das culturas africanas tradicionais. Os velhos baobás africanos de troncos enormes suscitam a impressão de serem testemunhas dos tempos imemoriais. Os mitos e o pensamento mágico-religioso yorubá têm na simbologia da árvore um de seus temas recorrentes. Na sua cosmogonia. (criação do mundo), a árvore surge como o princípio da conexão entre o mundo sobrenatural e o mundo material”.
Agora, vamos conhecer um pouco mais sobre os indígenas: “Os rituais, os cânticos, as cerimônias festivas, a arte da pintura, enfeites e vestimentas (cada qual própria para um momento), as pinturas corporais, pinturas em utensílios domésticos, a ritualística utilização das cores, tudo isso e tantas outras atividades são as bases da maneira de ser do indígena e de sua literatura, assim como vimos na africana. Tradicionalmente, a literatura indígena frui sua cultura nas manifestações literárias da oralidade, onde a contação de histórias é também um forte pilar, para o compartilhamento de saberes e valores às novas gerações. É nesse momento em que a palavra habitada de valores, assume seu poder maior, pois como canal de comunicação, exerce sua plena função de transmitir aos demais todo o imaginário individual ou coletivo, referente a cada povo.
O fato de vários indígenas estarem escrevendo e publicando livros hoje, mostra o quanto caminham por diversas formas possíveis para sua autonomia política, econômica e cultural. Os indígenas não estão parados no tempo, estão evoluindo e buscando à sua maneira formas de permanecerem existentes sem serem obrigados a dispensar toda uma tradição cultural milenar”.
Como você pode observar, na aula de hoje, as características principais das literaturas indígenas e africanas residem na literatura oral, ou seja, aquela que é contada oralmente, e passada de geração em geração.·.
A cosmovisão, quer dizer, a concepção de mundo é uma concepção de relação de forças naturais, sobrenaturais, humanas e cósmicas, e representa bem o pensamento indígena e africano. A natureza é muito respeitada e eleva o ser humano às esferas espirituais.
Além das duas principais características citadas acima, vamos observar outros traços importantes da cultura indígena e africana:
Culto aos ancestrais (antepassados) e socializaçãoSintetiza todos os elementos que estruturam a cosmovisão africana e indígena, fazendo uma ponte imediata com a história e a memória no desejo de não esquecer o passado. Sintetiza também o momento de reunião, de socialização.
Religiosidade e Mito de Criação
Os cultos religiosos tradicionais da África voltavam-se, em linhas gerais, aos antepassados ou a divindades da Natureza.
Liberdade
Sintetiza um dos maiores anseios do povo africano e indígena, que tanto sofreram com seu passado de colonização e/ou escravidão.
Identidade nacional
Sintetiza um conjunto de sentimentos que fazem com que um indivíduo se sinta parte integrante de uma sociedade ou nação.
Língua
A língua é um importante elemento na constituição da identidade de um povo. Ela permite reconhecer membros da comunidade, diferenciar estrangeiros e transmitir tradições. Como os povos africanos e indígenas foram colonizados, muito de seus idiomas ou dialetos de origem foram “substituídos” pela língua do colonizador.
Agora, reflita nesse instante: você se lembra de alguma história contada por seus pais ou avós? Se lembrar, deixe aqui um breve relato sobre o conto. E até a próxima aula.
(Adaptado de: “A Literatura Indígena e o respeito à pluralidade cultural brasileira) (Fonte: Atividades autorreguladas do 3º bimestre)